quarta-feira, 17 de abril de 2013

1° Ficha de filosofia para o 6°ano


O MITO

1.    O que é o Mito?

O mito é o nada que é tudo.
O mesmo sol que abre os céus
É um mito brilhante e mudo.
--Fernando Pessoa


O deus Thor dos vikings na Batalha contra os gigantes. Pintura de Mårten Eskil Winge (1872)

            Com certeza você já deve ter tido algum contato com a questão da mitologia, seja ela via livros, histórias em quadrinhos ou filmes. O mito é uma forma do ser humano se entender e então compreender o mundo, encontrando seu lugar entre os demais seres da natureza. Quando ainda não havia o método científico o mito era a maneira encontrada por nós, seres humanos, para dar conta dos nossos porquês.
            Dessa maneira, podemos definir o mito como um conjunto de modos fantásticos, miraculosos e não científicos, criados para explicar os fenômenos naturais (tempestades, secas, maremotos etc.), para explicar a construção cultural (a maneira como uma sociedade se formou), para explicar também a origem do mundo e do universo etc.
            É desse desejo humano de entender e compreender a natureza ao seu redor e dar-lhe sentido que o mito surge. Essa natureza que o cerca era misteriosa, cheia de coisas não explicadas e ao mesmo tempo, assustadoras pois, num momento o dia estava ensolarado e calmo e noutro, com chuvas e tempestades. Como explicar isso? Lembrando que a ciência da maneira como a conhecemos é algo relativamente recente, datando do séc. XVI. Antes do desenvolvimento e propagação da ciência moderna, os seres humanos se achavam a mercê das forças naturais. Hoje em dia, tendemos a interpretar a natureza como algo belo, como a praia, como uma floresta com bosques e animais silvestres, como uma fazenda no interior etc.
            Mas, para os povos antigos, a natureza como foi mencionado anteriormente, era fonte de mistérios e temores. Eles não olhavam para o mundo e a natureza de maneira a achá-los simplesmente matéria para estudos científicos mas, a percebiam como “impregnadas de qualidades boas ou más, amigas ou inimigas, familiares ou sobrenaturais, fascinantes e atraentes ou ameaçadoras e repelentes. Assim, o ser humano se move dentro de um mundo animado por forças que ele precisa agradar para que haja caça abundante, para que a terra seja fértil, para que a tribo ou grupo seja protegido, para que as crianças nasçam e os mortos possam ir em paz”. (ARANHA, M. L de Arruda, MARTINS, M. H. P. 2004, p. 63).
            E assim, podemos dizer que o pensamento mítico está bastante ligado à magia, ao desejo de que as coisas aconteçam de um modo determinado. É a partir daí que se desenvolvemos rituais enquanto maneiras de fazer com que a natureza fizesse o que queríamos que ela fizesse. “O ritual é o mito tornado ação” (idem).
            Temos numerosos registros de como esses rituais eram realizados. Nas cavernas de Lascaux e Altamira, o homem do paleolítico (há mais de 10 mil anos atrás) desenhava animais nas paredes das cavernas e depois os atacava com lanças e flechas  para garantir que a caçada fosse boa.
            Como não havia livros de história nem a ciência histórica, tal como a conhecemos hoje em dia, os povos antigos também usavam o mito como uma maneira de contar a história de sua comunidade, de seus antepassados, de maneira que não há comprovação científica nem registros exatos de que aquelas histórias narradas pelos mitos sejam verdadeiras pois, eram passadas de geração para geração, de pessoas mais velhas para pessoas mais novas.
            Na Grécia antiga, havia a figura do aedo, que era uma espécie de artista que saia de cidade em cidade narrando coisas que aconteceram na realidade, como a guerra de Tróia, por exemplo, de forma a misturar a realidade com ficção, misturar seres que existiram na realidade com seres puramente mitológicos, criados pela imaginação humana.
           
2.    As funções do mito

O ser humano sempre teve admiração pela natureza mas, também sempre desejou de alguma maneira dominá-la. Isso é atestado hoje em dia pela nossa ciência e foi atestado antigamente pelos rituais de caça dos homens do paleolítico. O mito tem algumas funções para nós tais como: 1) De acomodar e tranquilizar o ser humano diante do mundo que era assustador e cheio de criaturas fantásticas que comandavam a natureza. 2) Fazer com que tivéssemos algum domínio sobre a natureza, na forma de rituais (como os rituais de caça antigos, ou de sacrifícios para agradar aos deuses). 3) contar a história da formação do mundo, de uma comunidade ou dos antepassados de alguém, por exemplo, a Ilíada[1]. 4) A partir de personagens míticos, visava-se também educar as crianças e os jovens nos costumes de determinada sociedade.

Representação idealizada de Homero feita no Período Helenístico (323 a 146 a.c.).




O MITO DE PANDORA

Prometeu, deus cujo nome em grego significa "aquele que vê o futuro", doou aos homens o fogo e as técnicas para acendê-lo e mantê-lo. Zeus, o soberano dos deuses, se enfureceu com esse ato, porque o segredo do fogo deveria ser mantido entre os deuses. Por isso, ordenou a Hefesto [1], que criasse uma mulher que fosse perfeita, e que a apresentasse à assembléia dos deuses. Atena, a deusa da sabedoria e da guerra, vestiu essa mulher com uma roupa branquíssima e adornou-­lhe a cabeça com uma guirlanda de flores, montada sobre uma coroa de ouro. Hefesto a conduziu pessoalmente aos deuses, e todos ficaram admirados; cada um lhe deu um dom particular:
Atena lhe ensinou as artes que convêm ao seu sexo, como a arte de tecer;
Afrodite lhe deu o encanto, que despertaria o desejo dos homens;
As Cárites, deusas da beleza, e a deusa da persuasão ornaram seu pescoço com colares de ouro;
Hermes, o mensageiro dos deuses, lhe concedeu a capacidade de falar, juntamente com a arte de seduzir os corações por meio de discursos insinuantes.
Depois que todos os deuses lhe deram seus presentes, ela recebeu o nome de Pandora, que em grego quer dizer "todos os dons".
Finalmente, Zeus lhe entregou uma caixa bem fechada, e ordenou que ela a levasse como presente a Prometeu. Entretanto, ele não quis receber nem Pandora, nem a caixa, e recomendou a seu irmão, Epimeteu, que também não aceitasse nada vindo de Zeus. Epimeteu, cujo nome significa "aquele que reflete tarde demais", ficou encantado com a beleza de Pandora e a tomou como esposa.
A caixa de Pandora foi então aberta e de lá escaparam a Senilidade, a Insanidade, a Doença, a Inveja, a Paixão, o Vício, a Praga, a Fome e todos os outros males, que se espalharam pelo mundo e tomaram miserável a existência dos homens a partir de então. Epimeteu tentou fechá-la, mas só restou dentro a Esperança, uma criatura alada que estava preste a voar, mas que ficou aprisionada na caixa [...] e é graças a ela que os homens conseguem enfrentar todos os males e não desistem de viver.

FONTE: (CHALITA, Vivendo a filosofia, 2004, p.26).

Bibliografia:

ARANHA, Maria Lucia de Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires. Temas de filosofia. 2. ed. rev. São Paulo: Editora Moderna, 2001
CHALITA, Gabriel. Vivendo a filosofia. São Paulo: Editora Ática, 2004         
FEITOSA, Charles. Explicando a filosofia com arte. 2.ed. Rio de Janeiro: Ediouro, 2009


[1] Poema atribuído a Homero (séc. VIII antes de Cristo) onde se conta a história da guerra de Tróia tendo como protagonista,  Aquiles e seus feitos nesta guerra.

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Ficha para o 7° ano


Origem da filosofia através de um sentimento fundamental: Thaumazein

Como já se sabe, Filosofia quer dizer “Amor ou Amizade à Sabedoria” e, portanto, ela envolve também sentimentos. Ela envolve um sentimento que privilegia a razão e nos faz ir além das aparências e nos guia em busca da verdade. O que move o filósofo é seu amor à sabedoria porém, há outro sentimento envolvido com a filosofia e que marca seu início: Thaumazein, uma palavra grega e significa “estranhamento”, “perplexidade”, ou ainda, “espanto”. Podemos dizer que Truman, Neo em Matrix e o Homem que saiu da caverna para contemplar o mundo lá fora todos eles tiveram este sentimento fundamental. Este sentimento é dito fundamental porque é ele que inicia a atitude filosófica e nos faz ver o mundo de maneira diferenciada. Vejamos a definição dada a thaumazein pela Wikipédia:

“Originalmente, todas as áreas que hoje denominamos ciências faziam parte da Filosofia: expressão, no mundo grego, de um conjunto de saber nascido em decorrência de uma atitude. E, de fato, tanto Platão, no Fédon, quanto Aristóteles, na Metafísica, puseram na atitude admirativa, no admirar tò thaumázein, e também no páthos ("um tipo de afetação, que pode ser definido como um estranhamento"), o início da Filosofia. "No Teeteto, Sócrates diz a Teodoro que o filósofo tem um páthos, ou seja, um sentimento ou sensibilidade que lhe é própria: a capacidade de admirar ou de se deixar afetar por coisas ou acontecimentos que se dão à sua volta". O thaumázein, assim como o páthos, têm a ver com "um bom ânimo ou boa disposição (...) que levou certos indivíduos a deixar ocupações do cotidiano para se dedicar a algo extraordinário, a produção do saber: uma atividade incomum, em geral pouco lucrativa, e que nem sequer os tornava moralmente melhores que os outros."[1]
O sentimento “Thaumazein” nos conduz e nos obriga a tomar uma postura acerca de nossas crenças e convicções: ou nós simplesmente ignoramos o thaumazein ou nos apegamos e ele e passamos a ter a atitude filosófica.    

A atitude filosófica[2]

Imaginemos, agora, alguém que tomasse uma decisão muito estranha e começasse a fazer perguntas inesperadas. Em vez de “que horas são?” ou “que dia é hoje?”, perguntasse: O que é o tempo? Em vez de dizer “está sonhando” ou “ficou maluca”, quisesse saber: O que é o sonho? A loucura? A razão? Se essa pessoa fosse substituindo sucessivamente suas perguntas, suas afirmações por outras: “Onde há fumaça, há fogo”, ou “não saia na chuva para não ficar resfriado”, por: O que é causa? O que é efeito?; “seja objetivo ”, ou “eles são muito subjetivos”, por: O que é a objetividade? O que é a subjetividade?; “Esta casa é mais bonita do que a outra”, por: O que é “mais”? O que é “menos”? O que é o belo? Em vez de gritar “mentiroso!”, questionasse: O que é a verdade? O que é o falso? O que é o erro? O que é a mentira? Quando existe verdade e por quê? Quando existe ilusão e por quê? Se, em vez de falar na subjetividade dos namorados, inquirisse: O que é o amor? O que é o desejo? O que são os sentimentos? E se, em vez de afirmar que gosta de alguém porque possui as mesmas idéias, os mesmos gostos, as mesmas preferências e os mesmos valores, preferisse analisar: O que é um valor? O que é um valor moral? O que é um valor artístico? O que é a moral? O que é a vontade? O que é a liberdade? Alguém que tomasse essa decisão, estaria tomando distância da vida cotidiana e de si mesmo, teria passado a indagar o que são as crenças e os sentimentos que alimentam, silenciosamente, nossa existência.
Ao tomar essa distância, estaria interrogando a si mesmo, desejando conhecer por que cremos no que cremos, por que sentimos o que sentimos e o que são nossas crenças e nossos sentimentos. Esse alguém estaria começando a adotar o que chamamos de atitude filosófica.
Assim, uma primeira resposta à pergunta “O que é Filosofia?” poderia ser: A decisão de não aceitar como óbvias e evidentes as coisas, as idéias, os fatos, as situações, os valores, os comportamentos de nossa existência cotidiana; jamais aceitá-los sem antes havê-los investigado e compreendido. Perguntaram, certa vez, a um filósofo: “Para que Filosofia?”. E ele respondeu: “Para não darmos nossa aceitação imediata às coisas, sem maiores considerações”.
O Pensador de Auguste Rodin. Figura que representa o homem imerso em seus pensamentos.


A atitude crítica

A primeira característica da atitude filosófica é negativa, isto é, um dizer não ao senso comum, aos pré-conceitos, aos pré-juízos, aos fatos e às idéias da
experiência cotidiana, ao que “todo mundo diz e pensa”, ao estabelecido. A segunda característica da atitude filosófica é positiva, isto é, uma interrogação sobre o que são as coisas, as idéias, os fatos, as situações, os comportamentos, os valores, nós mesmos. É também uma interrogação sobre o porquê disso tudo e de nós, e uma interrogação sobre como tudo isso é assim e não de outra maneira. O que é? Por que é? Como é? Essas são as indagações fundamentais da atitude filosófica.
A face negativa e a face positiva da atitude filosófica constituem o que chamamos de atitude crítica e pensamento crítico. A Filosofia começa dizendo não às crenças e aos preconceitos do senso comum e, portanto, começa dizendo que não sabemos o que imaginávamos saber; por isso, o patrono da Filosofia, o grego Sócrates, afirmava que a primeira e fundamental verdade filosófica é dizer: “Sei que nada sei”. Para o discípulo de Sócrates, o filósofo grego Platão, a Filosofia começa com a admiração; já o discípulo de Platão, o filósofo Aristóteles, acreditava que a Filosofia começa com o espanto. Admiração e espanto significam: tomamos distância do nosso mundo costumeiro, através de nosso pensamento, olhando-o como se nunca o tivéssemos visto antes, como se não tivéssemos tido família, amigos, professores, livros e outros meios de comunicação que nos tivessem dito o que o mundo é; como se estivéssemos acabando de nascer para o mundo e para nós mesmos e precisássemos perguntar o que é, por que é e como é o mundo, e precisássemos perguntar também o que somos, por que somos e como somos.
           

Exercício de fixação

1)    Explique o que é thaumazein.
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2)    Explique, de acordo com o texto: o que vem a ser a atitude filosófica?
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3)    O que é filosofia, de acordo com o texto?

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4)    Quais são as características da atitude filosófica?

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Referências bibliográficas


CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia

Essa ficha estará disponível no nosso blog: corujinhafilosofica.blogspot.com.br



[2] O texto que reproduzo aqui se encontra no livro: Convite à Filosofia, de Marilena Chauí, Unidade 1, capítulo 2
Ficha para o  6°ano ( Mito e Razão)


Do Mito ao Logos

Vamos recapitular, a partir da definição dada por Marilena Chauí, o conceito de Mito:

O que é um mito?

Um mito é uma narrativa sobre a origem de alguma coisa (origem dos astros, da Terra, dos homens, das plantas, dos animais, do fogo, da água, dos ventos, do bem e do mal, da saúde e da doença, da morte, dos instrumentos de trabalho, das raças, das guerras, do poder, etc.).
A palavra mito vem do grego, mythos, e deriva de dois verbos: do verbo mytheyo (contar, narrar, falar alguma coisa para outros) e do verbo mytheo (conversar, contar, anunciar, nomear, designar). Para os gregos, mito é um discurso pronunciado ou proferido para ouvintes que recebem como verdadeira a narrativa, porque confiam naquele que narra; é uma narrativa feita em público, baseada, portanto, na autoridade e confiabilidade da pessoa do narrador. E essa autoridade vem do fato de que ele ou testemunhou diretamente o que está narrando ou recebeu a narrativa de quem testemunhou os acontecimentos narrados.
Quem narra o mito? O poeta-rapsodo (Aedo)[1] Quem é ele? Por que tem autoridade? Acredita-se que o poeta é um escolhido dos deuses, que lhe mostram os acontecimentos passados e permitem que ele veja a origem de todos os seres e de todas as coisas para que possa transmiti-la aos ouvintes. Sua palavra - o mito – é sagrada porque vem de uma revelação divina. O mito é, pois, incontestável e inquestionável.

Como o mito narra a origem do mundo e de tudo o que nele existe?

Encontrando o pai e a mãe das coisas e dos seres, isto é, tudo o que existe decorre de relações amorosas entre forças divinas pessoais. Essas relações geram os demais deuses: os titãs (seres semi-humanos e semidivinos), os heróis (filhos de um deus com uma humana ou de uma deusa com um humano), os humanos, os metais, as plantas, os animais, as qualidades, como quente-frio, seco-úmido, claro-escuro, bom-mau, justo-injusto, belo-feio, certo-errado, etc. A narração da origem é, assim, uma genealogia, que é, narrativa da geração dos seres, das coisas, das qualidades, por outros seres, que são seus pais ou antepassados. Tomemos um exemplo da narrativa mítica: Observando que as pessoas apaixonadas estão sempre cheias de ansiedade e de plenitude, inventam mil expedientes para estar com a pessoa amada ou para seduzi-la e também serem amadas, o mito narra a origem do amor, isto é, o nascimento do deus Eros (que conhecemos mais com o nome de Cupido):  Houve uma grande festa entre os deuses. To dos foram convidados, menos a deusa Penúria, sempre miserável e faminta. Quando a festa acabou, Penúria veio, comeu os restos e dormiu com o deus Poros (o astuto engenhoso). Dessa relação, nasceu Eros (ou Cupido), que, como sua mãe, está sempre faminto, sedento e miserável, mas, como seu pai, tem mil astúcias para se satisfazer e se fazer amado. Por isso, quando Eros fere alguém com sua flecha, esse alguém se apaixona e logo se sente faminto e sedento de amor, inventa astúcias para ser amado e satisfeito, ficando ora maltrapilho e semimorto, ora rico e cheio de vida.
A mitologia exprimia na forma divina e celestial todo o conjunto de relações, seja dos homens entre si (no caso acima, o amor, e a guerra, como vimos no caso da guerra de Tróia) , seja entre o homem e a natureza (tomemos como o exemplo o mito que narra as quatro estações ou a fúria dos deuses refletida na natureza). Assim, os deuses são criadores do mundo. Do mesmo jeito que o rei era considerado o criador da ordem social os deuses eram os reguladores do ciclo da natureza. O mundo divino, as relações sociais e o ritmo da natureza confundiam-se, estando todos submetidos ao comando do rei e dos deuses.
Sem dúvida, as tradições e os mitos explicavam todas essas coisas, mas suas explicações já não satisfaziam aos que interrogavam sobre as causas da mudança, da permanência, da repetição, da desaparição e do ressurgimento de todos os seres. Haviam perdido força explicativa, não convenciam nem satisfaziam a quem desejava conhecer a verdade sobre o mundo.

Mas, porque o mito perde a sua força explicativa?

            Podemos enumerar alguns fatores que explicam o porquê do mito ter perdido seu poder explicativo:
·         Com o desenvolvimento do comércio marítimo, os gregos passaram a ter mais contato com outros povos diferentes e perceberam o quanto os mitos se diferenciavam um dos outros e permitiram aos gregos descobrir que os locais que os mitos diziam habitados por deuses, titãs e heróis eram, na verdade, habitados por outros seres humanos; e que as regiões dos mares que os mitos diziam habitados por monstros e seres fabulosos não possuíam nem monstros nem seres fabulosos. As viagens produziram o desencantamento ou a desmistificação do mundo, que passou, assim, a exigir uma explicação sobre sua origem, explicação que o mito já não podia oferecer.
·         A invenção da política: os gregos começaram a se agregar em cidades e essas cidades deveriam ser governadas para que o povo tivesse suas necessidades atendidas. Na mitologia, acreditava-se que o poder dos governantes era divino. Porém, nessas cidades havia espaços públicos onde as pessoas poderiam debater suas ideias. Por isso, era preciso que a melhor ideia fosse analisada para o bem da população. E a melhor ideia deveria ser racional para que fizesse sentido para todos.


O surgimento da filosofia, ou seja, a maneira racional  para obter conhecimento.

A partir do século VI a.C., vemos todo um esforço para tentar explicar os fenômenos humanos e da natureza de maneira diferenciada, ou seja, a partir da maneira racional. A forma racional não precisa recorrer aos mitos para explicar os fenômenos  da natureza pois, ela os explica a partir da razão. O debate racional não precisa apelar para os sentimentos, somente para a lógica, que é algo que qualquer pessoa possui.
A forma racional de pensamento não se contenta com qualquer explicação, ela exige uma explicação universalmente válida, ou seja, a forma racional exige explicações às quais possam ser verdadeiras independentes do lugar e do tempo em que se encontram, pois, cada povo tinha a sua mitologia e, consequentemente, maneiras diferentes de explicar as coisas.

Quais seriam as principais diferenças entre a filosofia e o mito?

1.    O mito pretendia narrar, ou seja, contar a história de como as coisas eram ou tinham sido no passado bem, bem distante, longínquo e fabuloso, voltando-se para o que era antes que tudo existisse tal como existe no presente. A Filosofia, ao contrário, se preocupa explicar como e por que, no passado, no presente e no futuro (isto é, na totalidade do tempo), as coisas são como são;
2.    O mito narra a origem de todas as coisas e seres do mundo a partir de alianças ou rivalidade dos deuses e tudo o que acontecia na natureza era devido as vontades dos deuses. Já a filosofia busca a explicação a partir da natureza, através dos elementos da própria natureza, por exemplo, terra, fogo, água e ar.
3.    O mito não se preocupava em ser muito lógico, você com certeza deve ter visto como as vezes os mitos pareciam sem sentido algumas vezes. Já a filosofia se preocupa em ser muito lógica e com explicações claras e não confusas como eram as vezes, as explicações míticas.

1)    Defina Mito

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2)                O que vem a ser “genealogia”?

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3)    Explique o porquê do mito ter perdido sua força explicativa

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4)    Sobre o surgimento da filosofia podemos afirma corretamente que ela:

a)    Surge da necessidade do homem manter-se acreditando no mito
b)    Surge da necessidade de explicar os fenômenos da natureza e as relações humanas a partir da razão
c)    Surge por acaso pois, a explicação mítica era e ainda é suficiente para dar conta da realidade
d)    Nenhuma das respostas acima


5)    Cite resumidamente a principais diferenças entre a filosofia e o mito.

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Referências bibliográficas

CHAUÍ, Marilena. Convite a Filosofia


Indicação de vídeos:

(Telecurso 2000 – aula de filosofia – parte 1)
(Telecurso 2000 – aula de filosofia – parte 2)
Indicação de site:





[1] A definição de aedo se encontra 1° ficha de filosofia.

domingo, 7 de abril de 2013

Inauguração do Blog e Ficha para o 7°ano

Olá, meus filósofos!

Este blog se destina as nossas turmas de filosofia do 6° e 7° ano. Ele foi criado para que possamos levar a filosofia que aprendemos em sala de aula, para o espaço virtual também! A vantagem maior é que por aqui poderemos compartilhar links com músicas e vídeos.
Como primeira postagem, disponibilizarei uma ficha para os 7° anos.

O que é o Real?

“A questão mais fundamental da filosofia interroga o sentido do real. Como saber se estamos sonhando ou acordados? O que garante a veracidade das coisas que vemos? O que é e como é a realidade”?

Podemos ver, segundo a citação acima, que a tarefa principal da filosofia é tentar compreender aquilo que nós todos chamamos de realidade. Pode parecer bastante sem sentido esta pergunta: “o que é o real”? Alguém pode ficar chateado, sem entender a pergunta e responder: “a realidade é aquilo que vemos todos os dias na rua, o que vemos acontecer no mundo através das notícias dos jornais”. Mas, não foi bem assim que os filósofos durante a história entenderam o que seria a realidade. De fato, se nós simplesmente aceitássemos a realidade da maneira como ela se apresenta a nós, podemos dizer que não haveria filosofia e consequentemente, não haveria também ciência pois, filósofos e cientistas durante a história do pensamento, tentaram explicar o que seria a realidade de fato. Por isso não seria exagerado afirmar que o questionamento sobre o que é a realidade gerou praticamente todo o conhecimento que temos nas mais diversas áreas do saber. Leia abaixo a letra da música “O conto do sábio chinês” de Raul Seixas:

Era uma vez
Um sábio chinês
Que um dia sonhou
Que era uma borboleta
Voando nos campos
Pousando nas flores
Vivendo assim
Um lindo sonho...

Até que um dia acordou
E pro resto da vida
Uma dúvida
Lhe acompanhou...

Se ele era
Um sábio chinês
Que sonhou
Que era uma borboleta
Ou se era uma borboleta
Sonhando que era
Um sábio chinês





Analisando a letra, vemos a história de um sábio chinês que se sentiu extremamente incomodado com o sonho que teve pois, depois de acordar dele, não sabia mais quem ele era na realidade. Essa dúvida que o incomodava e que povoou o seu pensamento durante toda a vida o fez pensar mais e essa postura pode ser descrita como o espírito crítico ou filosófico que todos temos dentro de nós e o filósofo é justamente aquele indivíduo que se dedica a esse espírito crítico. Num primeiro momento, o filósofo, assim como o sábio chinês, não tem muita certeza sobre o que é a realidade e chega a duvidar que ela seja da maneira como a percebemos. Devido a isto, ele se vê na situação de alguém que por não ter certeza (quem duvida é por que não tem certeza), acaba por chegar a constatação de que verdadeiramente não sabe o que é a realidade, justamente por isso, o filósofo grego Sócrates proferiu a célebre frase “só sei que nada sei”. O filósofo, por isso, se torna tal qual uma criança que por não saber ainda bem das coisas, vai em busca do conhecimento.
Geralmente na infância, gostamos de questionar e perguntar sobre tudo. Quem tem um irmão ainda criança vê claramente como isso acontece. A criança fica admirada com o mundo que lhe cerca e tenta entender como aquilo acontece pois, não sabendo como as coisas funcionam e como é a realidade, pergunta sobre tudo. Quem já assistiu programa infantil “Castelo Rá-Tim-Bum”  se deparou com um personagem chamado Zequinha que vive sempre a perguntar o porquê de tudo. Zequinha não se contenta com as explicações dadas a ele sobre as mais diversas perguntas que ele faz sobre o que são as coisas. Ele resume bem a postura do filósofo com relação ao mundo que o cerca: um indivíduo que muitas vezes se questiona, buscando uma ideia verdadeira sobre a realidade.
Com o passar do tempo e com nosso crescimento, vamos progressivamente aprendendo diversas coisas que se destinam a explicar os mecanismos de funcionamento do mundo. Mas, será que devemos nos contentar com a explicação que nos é dada ou, antes, seria mais interessante adotar a postura crítica e investigar melhor sobre aquilo que nos é passado como real e verdadeiro? Essa resposta somente você pode dar. No fim das contas, todos carregam em si o poder de filosofar, pois, todos nós podemos ser críticos e adotar a postura filosófica.
Essas posturas podem ser divididas em dois grandes grupos de pensamento: O Realismo e o Relativismo. Vamos, através de uma adaptação do texto retirado do livro: “Explicando Filosofia com Arte” tentar definir estes grupos.

1.    O Realismo

O realismo supõe que a realidade é aquilo que está diante de nossos olhos e é objetiva, concreta e independente das interpretações humanas ou ainda do contexto histórico ou social em que se vive. A lei da gravidade, por exemplo, é sempre a mesma, deve valer tanto no Brasil como no Japão, tanto no século V a.C. como no século XXI. Na postura realista, as coisas tem autonomia, subsistem em si e por si. Se algum dia a humanidade fosse erradicada da face da terra através de uma guerra ou de uma catástrofe, o mundo cultural (arte, religiões, política) poderia também desaparecer, mas o mundo objetivo (pedras, árvores ou prédios) continuaria lá, do mesmo jeito que  já estava antes do aparecimento do homem. A explosão de uma estrela a bilhões de quilômetros da terra é um fato, mesmo que nenhum ser humano jamais tenha acesso a ele. Resumindo, no realismo tentamos adequar nosso pensamento a realidade como ela nos aparece, sem questionar se ela é verdadeira ou falsa.





Do ponto de vista do realismo, uma pintura pode ser considerada imperfeita se não reproduz adequadamente as formas e proporções de seu objeto. O quadro O vale de Lackwanna (1885), de Georges Innes (1824-1895).



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O Relativismo

A outra possibilidade de responder a pergunta pelo real pode ser chamada de “relativismo” e supõe que não existe uma realidade única e acabada, mas questiona se o nosso conceito de realidade deve ser tal qual o realismo coloca. A postura relativista interpreta que há várias maneiras de se compreender o que é a realidade. A realidade dependerá agora da interpretação que cada um terá sobre ela. “Não existem fatos, só interpretações”, diz o filósofo Nietzsche.
O relativismo acredita também que só haverá mundo se também existirem  seres capazes de compreendê-lo. Se uma estrela explodisse a um bilhão de quilômetros da terra e a luz de sua explosão nunca chegasse a nós, então é como se essa explosão nunca tivesse acontecido.
 

A imagem acima consegue resumir bem o que nós podemos entender por relativismo. Na figura abaixo podemos identificar o rosto de uma mulher ou um homem tocando saxofone. Dependendo do modo como olhamos para a imagem, podemos dizer do que se trata pois, no relativismo, cada pessoa pode construir um conceito, ideia de realidade a partir do seu ponto de vista.

Resumindo, o relativismo acredita que o conceito de realidade depende de nossa interpretação, ou seja, da maneira como vemos as coisas no mundo e essa postura nos leva a questionar se o mundo é realmente da maneira realista, que acredita que as coisas não dependem da nossa interpretação.


3.    Realismo e Relativismo: Vantagens e Desvantagens

Vimos que o relativismo e o realismo são as duas teorias fundamentais sobre a realidade. Ambas tem suas vantagens e desvantagens. Vejamos agora que vantagens e desvantagens são essas.
Vantagens: No realismo temos a vantagem de ficarmos tranquilos e simplesmente não precisar ficar pensando sobre se a realidade é verdadeira ou falsa. Podemos sempre contar com a ideia de que a realidade é algo que não depende da minha opinião, ela simplesmente existe do jeito que é.
Desvantagens: A grande desvantagem do realismo é que muitas pessoas não questionam sobre a realidade do mundo em que vivem, e por pensarem assim, fazem o filósofo que existe dentro de nós dormir, pois, se podem existir interpretações diferentes sobre o mundo, pode ser que algumas delas estejam erradas
Agora, falaremos sobre as vantagens e desvantagens do relativismo:

Vantagens: Podemos a partir das várias interpretações do que seja a realidade, pensar sobre elas ter nossa opinião melhor formada.
Desvantagens: Se ficássemos presos a postura relativista, que diz que tudo só depende da nossa interpretação, do nosso modo de ver as coisas, não teríamos nem filosofia nem ciência. Ficaríamos sempre dizendo que as coisas podem não ser reais e pararíamos por aí.
            Você pode estar se perguntando: “e agora, que pensamento eu devo seguir, o realismo ou o relativismo”?
            Podemos responder dizendo que o relativismo serve para que a gente não fique preso a somente uma ideia de realidade, tal como Truman do filme “O Show de Truman” e o personagem do mito da caverna de Platão tiveram ANTES de assumir a postura crítica e desconfiar de que a realidade pudesse ser diferente. O relativismo deve ser o Primeiro momento da atitude filosófica pois percebendo que a realidade pode ter várias interpretações, tentaremos encontrar uma que seja mais verdadeira.

 Para exemplificar melhor aquilo que nós tratamos acima, façamos uma análise, a partir do resumo dos filmes “O show de Truman” e do “Mito da Caverna” da Platão que foi estudado por você no 6° ano.

Resumo do Filme o Show de Truman:

            Um homem (Truman Burbank) tem sua vida inteira filmada e transmitida ao vivo pela TV, 24 horas por dia via satélite para todo o mundo, desde o seu nascimento. O filme começa a partir do episódio 10.909 desde o lançamento do Show. É o 30º ano ininterrupto (sem interrupções) de transmissão do "show" da vida de Truman Burbank como a primeira experiência de um "show real", pois Truman desconhece ser um personagem. Truman faz o “papel” de um corretor de seguros, é casado, e possui um amigo de infância, que sempre chega a sua casa com cervejas. Todos os dias cumprimenta seus vizinhos, da mesma forma, vai ao jornaleiro comprar revistas para sua mulher, encontra dois senhores que sempre prometem procurá-lo na seguradora.
Tudo acontece num grande estúdio, na verdade o maior estúdio cinematográfico do mundo, que ao lado da Muralha da China é a única construção humana visível do espaço, é uma ilha chamada Seahaven: as casas, as ruas, os automóveis, o céu, o mar, a lua, o anoitecer, e a chuva, tudo se passa dentro de uma enorme cúpula, mas Truman não conhece esses limites: ele nunca viajou, nunca saiu de sua cidade, nunca ultrapassou suas margens. Cerca de 5 mil câmeras, filmam cada movimento de Truman, milhares de pessoas trabalham dia e noite para que o show funcione com total verossimilhança com a realidade. É um mundo dentro de outro mundo. O criador do programa é Christof. O programa é transmitido sem nenhuma interrupção, nem mesmo intervalo publicitário. A publicidade é feita de maneira diferente, explica Christof em uma das poucas entrevistas que concede que “tudo está à venda” o que os atores comem, roupas, até mesmo as casas em que vivem.

O entrevistador continua a entrevista com Christof e pergunta “por que Truman nunca pensou até agora em questionar a natureza do mundo em que vive?” Christof reponde dizendo que “aceitamos a realidade do mundo tal qual ela nos é apresentada, Truman pode ir embora quando quiser. Se tivesse algo mais que uma mínima ambição, se estivesse absolutamente decidido a descobrir a verdade, não poderíamos impedi-lo. Truman prefere a sua cela. O Show de Truman é uma variação muito interessante do Mito da Caverna de Platão, mas difere da alegoria de Platão em que apenas um prisioneiro se liberta para abandonar as sombras da caverna e conhecer o mundo real, no filme há apenas um prisioneiro, e os demais atores que entram e saem dela.
Para refrescar nossa memória, vejamos um resumo do “Mito da Caverna de Platão”.

Resumo do “Mito da Caverna”

O mito fala sobre prisioneiros que desde o nascimento que vivem presos em correntes numa caverna e que passam todo tempo olhando para a parede do fundo que é iluminada pela luz gerada por uma fogueira. Nesta parede são projetadas sombras de estátuas representando pessoas, animais, plantas e objetos, mostrando cenas e situações do dia-a-dia. Os prisioneiros ficam dando nomes às imagens (sombras), analisando e julgando as situações.

Vamos imaginar que um dos prisioneiros fosse forçado a sair das correntes para poder explorar o interior da caverna e o mundo externo. Entraria em contato com a realidade e perceberia que passou a vida toda analisando e julgando apenas imagens projetadas por estátuas. Ao sair da caverna e entrar em contato com o mundo real ficaria encantado com os seres de verdade, com a natureza, com os animais e etc. Voltaria para a caverna para passar todo conhecimento adquirido fora da caverna para seus colegas ainda presos. Porém, seria ridicularizado ao contar tudo o que viu e sentiu, pois seus colegas só conseguem acreditar na realidade que enxergam na parede iluminada da caverna. Os prisioneiros vão o chamar de louco, ameaçando-o de morte caso não pare de falar daquelas ideias consideradas absurdas.

O que Platão quis dizer com o mito?

Os seres humanos tem uma visão distorcida da realidade. No mito, os prisioneiros somos nós que enxergamos e acreditamos apenas em imagens criadas pelas novelas, conceitos e informações que recebemos durante a vida sem pensar sobre o que é a realidade de fato. A caverna simboliza o mundo, pois nos apresenta imagens que não representam a realidade. Só é possível conhecer a realidade, quando nos libertamos destas influências culturais e sociais, ou seja, quando saímos da caverna.
A fala do diretor do Show de Truman, Christof, está de acordo com a ideia do Mito da Caverna: poucos são os inclinados a distinguir entre o mundo das aparências e o mundo das realidades autênticas e poucos são os que se perguntam se vivem uma espécie de jogo de fantoches. Podemos imaginar, que se Platão visse o filme ele diria que Truman deixando de considerar como reais as sombras que passam na parede (ou seja, o mundo de mentirinha que ele vive) e tivesse podido descobrir os objetos que produzem estas sombras, teria saído da caverna e ido em direção da verdade.
Voltando ao assunto Realismo e Relativismo, podemos dizer que Truman e o homem que saiu da caverna, representam o filósofo que, num primeiro momento abandonam aquela postura realista ingênua (que acredita em tudo o que está ao seu redor) para, abraçar a postura relativista por um momento, analisar e as diferentes interpretações  e tentar ir além daquilo que é passado pelo realismo para encontrar uma realidade que seja mais verdadeira.




Bibliografia

FEITOSA, Charles. Explicando a filosofia com arte. 2.ed. Rio de Janeiro: Ediouro, 2009
(Resumo sobre o Show de Truman)

Indicação de Música:
Metamorfose Ambulante de Raul Seixas
Indicação de obras de arte: As pinturas de M.C. Escher