terça-feira, 26 de novembro de 2013

 Sócrates


Vimos em aulas passadas que os sofistas eram pessoas que ensinavam outras a argumentarem bem de maneira quem aprendia bem a lição poderia convencer a quem quer que fosse com suas palavras.
Porém, esses discursos que os sofistas ensinavam não continham a verdade e eles nem tampouco se preocupavam com ela.
É importante lembrar que os sofistas se consideravam sábios, que sabiam de todas as coisas. (sofista vem de “sofon” que significa sábio e esses pretensos sábios, achavam que o conhecimento verdadeiro não existe e ele depende do discurso daquele que melhor consegue convencer os outros).
Os sofistas tinham um certo prestígio na sociedade grega e eram bem pagos pelos seus serviços. Eles ajudavam os pretensos políticos a discutirem suas ideias e a partir do discurso bonito, os sofistas acreditavam que as pessoas ficariam convencidas de que o discurso mais belo seria o mais verdadeiro.
Porém, contra os sofistas, um homem se rebelou e passou a criticá-los, mostrando que existe uma verdade que vai muito além do discurso bonito. Este homem é Sócrates.
Filho de um escultor e de uma parteira, Sócrates se tornou uma figura conhecida em Atenas desde cedo e, quando contava quarenta anos, era chamado de Sábio.
Seu amigo, Querofonte, foi ao oráculo de Delfos perguntar se havia alguém mais sábio que Sócrates. A resposta foi negativa. Sócrates se irrita com a resposta pois, não se considerava sábio. Ele sai na cidade, procurando as pessoas que se julgavam sábias para então poder perguntar a elas o que era a sabedoria e o que as tornava sábias.
Porém, Sócrates percebe que as pessoas apenas dizem se sábias e possuir conhecimentos mas, na verdade, não sabem muita coisa. Segundo Platão, Sócrates chegou a seguinte conclusão: “Mais sábio do que esse homem eu sou;  é bem provável que nenhum de nós saiba nada mas ele (o sofista) supõe saber alguma coisa e não sabe, enquanto eu, se não sei, muito menos suponho saber. Parece que sou um pouquinho mais sábio do que ele exatamente por não dizer por aí  que eu saiba o que não sei”. Sócrates continua sua busca pelos mais sábios e percebe que alguns até parecem saber de alguma coisa mas, se metem a falar do que não sabem.



Se os sofistas acreditavam que poderiam ensinar as pessoas a defenderem seus pontos de vista e a parecerem donos da razão, Sócrates, ao contrário, destrói as certezas com bons argumentos.
Sócrates mostra que os sofistas simplesmente ensinavam as pessoas a terem uma boa opinião sobre as coisas mas, pecavam porque uma opinião qualquer não se sustenta diante de argumentos verdadeiros.
Para Sócrates não importam palavras bonitas e sedutoras pois, ele quer chegar à essência das coisas. Mas, o que viria a ser essência?
A essência de algo, é o que faz ela ser o que ela é. Por exemplo: o que é que faz com que a cadeira seja o que ela é? Fácil de responder: é sua função, utilidade, que é a de sentar. Por isso quando perguntamos sobre o que é uma cadeira, definiremos como: “objeto que serve para sentar”. E assim, segundo Sócrates, as coisas tem uma essência que não depende do discurso mas, do pensamento que busca o verdadeiro.
Lembremos que essência, definição e utilidade são sinônimos em vários sentidos!
         Por isso que a ciência sempre busca a essência das coisas pois, está sempre procurando o que é verdadeiro.
Sabemos que o mais correto é falar a verdade porém, Sócrates pagou o preço por expressar sua filosofia e expor as coisas ruins que aconteciam na Grécia antiga. Isso irritou políticos que não gostavam das denúncias de Sócrates. Os antigos professores (os sofistas) também ficaram bastante irritados com Sócrates porque ele ensinava de graça e dizia a seus discípulos que eles não precisavam de professores como os sofistas.  Pagou com sua própria vida pois, foi condenado a beber um veneno chamado cicuta. Sócrates ainda teve a chance de se livrar da acusação se ele prometesse não mais filosofar porém, Sócrates proferiu as seguintes palavras: “Vocês me deixam a escolha entre duas coisas: uma que eu sei ser horrível, que é viver sem poder passar meus conhecimentos adiante. A outra, que eu não conheço, que é a morte ... escolho pois o desconhecido!”

A imagem anterior é uma representação da condenação de Sócrates e mostra o filósofo ao centro com o cálice de veneno e seus discípulos tristes com a proximidade da morte de seu mestre.


Exercícios


1)    Sócrates era contra ou a favor dos sofistas? Justifique a sua resposta.

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2)    Porque é que Sócrates percebe que era mais sábio que os sofistas?

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3)    Defina o que é essência

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4)    Porque é que Sócrates foi condenado?
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5)    Segundo a sua opinião, qual é a importância de falarmos a verdade?
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Santo Agostinho

O cristianismo triunfa em 313, quando o imperador Constantino (c. 280-337), pelo edito de Milão, concede liberdade de culto aos cristãos. Na prática, porém, o cristianismo, com seus fiéis já bem organizados sob a autoridade dos padres, dos bispos e do papa, já possuía uma instituição bastante influente: a Igreja (do grego ekklesía, isto é, "assembléia").
Mas a elevação formal da Igreja de Roma a centro da cristandade acirrou também as disputas entre as interpretações divergentes da mensagem Jesus. No plano político, esse confronto de opiniões seria resolvido no Concílio de Nicéia (325), convocado por Constantino, e em outras reuniões do gênero, em que se estabeleceu a ortodoxia (literalmente, "opinião correta") da doutrina cristã.
Desse processo foram cometidas algumas punições contra os considerados hereges e daí resultou a igreja católica, que em grego significa Igreja universal. A consolidação da ortodoxia exige, no entanto, mais do que um ato de poder que a decrete. Ela também precisa ser convincente, apresentando-se não apenas como revelação mas também como resultado de raciocínios.
A filosofia patrística (dos santos padres, ou seja, dos pais da Igreja) representa, em algumas de suas vertentes, esse esforço de munir a fé de argumentos racionais. Dentre os santos padres, Santo Agostinho é quem leva mais longe a conciliação entre a fé e a razão: elabora a "filosofia cristã", como ele a chamaria.
A vida de Santo Agostinho, minuciosamente narrada por ele próprio em Confissões, é quase uma demonstração, na prática, de seu pensamento: experimentou o ceticismo[1] quanto ao conhecimento, sofreu o abismo do homem em pecado, reencontrou a esperança na graça divina conheceu a felicidade e a certeza da verdade na fé. Agostinho nasceu em 354 em Tagaste, na província romana de Numídia, na atual Argélia. Educou-se em Cartago, onde se tornou professor de retórica.
Mudou-se para Roma e, depois, para Milão. Durante esse período, mostrou grande inquietação intelectual: leu Cícero e uma versão latina de Categorias, de Aristóteles. Em seguida aderiu ao maniqueísmo, seita fundada pelo sábio persa Mani (c. 215-276), baseada na crença de dois princípios absolutos que regeriam o mundo: o Bem e o Mal. Mais tarde, desiludido com os maniqueus, conheceu as concepções da Academia platônica, tomadas por um profundo ceticismo.[2]


(Santo Agostinho)

A vida intelectual de Santo Agostinho


Santo Agostinho era um homem   profundamente preocupado com a questão moral do homem. Embora a sua vida tenha sido bastante atribulada haja vista, seus excessos da juventude tais como a bebida, o jogo, santo Agostinho se converteu ao cristianismo e daí passa a se dedicar a compreender melhor os ensinamentos de Cristo e tenta dar um viés filosófico à sua crença, de maneira que ele é, ao lado de santo Tomás, o maior pensador do cristianismo. Vejamos alguns dos principais aspectos do pensamento agostiniano, começando pela sua busca de Deus.
Santo Agostinho viveu em um período onde o império romano estava ruindo. Invasões bárbaras traziam ainda mais instabilidade ao já vulnerável império. Neste contexto, santo Agostinho viu diversas mortes, coisas bastante ruins que aconteciam no mundo. No começo ele não acreditava no Deus cristão porque ele se perguntava o porquê de tantas pessoas passarem necessidade e outras viverem tão bem. Se perguntava também por que é que se Deus é tão bom, ele permite que essas coisas aconteçam no mundo.
Santo Agostinho passou muito tempo acreditando nesta teoria e sua maior vontade era de conhecer o maior intelectual do maniqueísmo. Ele o conhece mas, se decepciona com o nível intelectual daquele que fora seu grande mestre. Portanto, santo Agostinho ainda permanece bastante angustiado, buscando um novo caminho para sua vida.



O Ceticismo

O ceticismo é uma corrente de pensamento que questiona o poder do intelecto humano para conhecer aquilo que a ciência, filosofia e teologia julgam saber, ou seja, o ceticismo é uma doutrina que prega que o intelecto humano não pode ter nenhuma certeza a respeito da verdade ou do conhecimento verdadeiro. Em um determinado período de sua vida, santo Agostinho foi cético a respeito do conhecimento de Deus. Para santo Agostinho era ilógico acreditar em um Deus que fosse bom e não ajudasse seus filhos a não sofrer. Por isso, não era crente no Deus cristão e,  mesmo se houvesse algum outro Deus, não seria possível que nós o conhecêssemos porque ele não se revelou para nós. Mas, a alma de santo Agostinho tinha muita sede pela verdade e ele não se contentava em permanecer cético.

O Maniqueísmo

Posteriormente Santo Agostinho passou pela escola maniqueísta. Como foi dito acima, o maniqueísmo acreditava que o mundo era regido duas forças contrárias: o Bem e o Mal. Nesta doutrina o homem não agia livremente pois, ele seria um instrumento tanto do Deus do bem quanto do Deus do mal para agir. Então, esta corrente pregava que tudo o que acontecia de ruim ou de bom no mundo não era culpa do ser humano pois, este não agia bem ou mal simplesmente porque queria mas, era ele tal qual uma peça no xadrez que é movida pelo jogador, ou  seja, o homem não tinha vontade Própria.

A Conversão ao Cristianismo de Santo Agostinho

        
Em Milão, num dia qualquer de agosto de 386 da era cristã, um homem de 32 anos de idade chorava nos jardins de sua residência. Deprimido e angustiado, estava à procura de uma resposta definitiva que lhe desse sentido para a vida. Nesse momento ouviu uma voz de criança a catar como se fosse um refrão: “toma e lê, toma e lê”. Levantou-se bruscamente, conteve a torrente de lágrimas, olhou em torno para descobrir de onde vinha o canto, mas não viu mais que um livro sobre a pequena mesa. Abriu e leu a pagina caída por acaso sob seus olhos  “não Caminheis em glutonarias  e embriaguez, não nos prazeres impuros do leito e em leviandades. Não em contendas e emulações, mas revesti-vos de Nosso Senhor Jesus Cristo, e não cuideis da carne com demasiados desejos”.

(Os Pensadores: Santo Agostinho. Texto introdutório de José Américo Motta Pessanha)

Depois de se decepcionar bastante com os rumos tomados pelas suas crenças santo Agostinho finalmente encontra no Cristianismo o conforto e a Verdade que ele tanto buscara. Sua mãe, santa Mônica, que tanto rezou toda a vida para que santo Agostinho se convertesse finalmente havia encontrado o que tanto pedira a Deus. Muito da conversão de santo Agostinho se deve a um outro santo da igreja católica chamado Ambrósio. Este ensinara Agostinho a interpretar a Bíblia e compreender a verdade lá contida.


O problema do mal na filosofia Agostiniana

Como fora dito em aulas passadas um dos problemas que santo Agostinho tinha de resolver era o do mal pois, como é que um Deus bom e misericordioso poderia ter criado o mal?
Santo Agostinho chega a conclusão de que Deus não criou o mal simplesmente porque o mal não é nada senão a privação do bem. Melhor explicando, imagine que há o frio. Segundo a ciência o frio é a falta de calor, ou seja, o frio não é algo que existe mas, a falta de calor assim como o escuro não existe o que existe é a falta de luz. Deus criou o mundo a partir do nada e o mesmo mundo não é perfeito. Contem ainda imperfeições e estas imperfeições estão no mundo porque este foi tirado do nada mas, não foi criado perfeito por Deus e por isso ainda carrega ainda um pouco do nada do qual foi criado.
Da mesma maneira acontece com o mal. O mal não existe, não é nada senão, falta do bem.
Segundo santo Agostinho somente o homem pode agir bem ou mal pois é somente ele quem pode escolher de que maneira agir, ele é livre. A liberdade do homem é um bem , haja vista que dá a ele a possibilidade de fazer escolhas. Assim como a mão que pode fazer carinho, ajudar alguém ou pode machucar. Ela em si é um bem porque pode escolher o que fazer.
Como dá para perceber a filosofia agostiniana sobre a liberdade é muito parecida com a de Sartre porém, mais de mil anos e quinhentos anos antes de Sartre nascer santo Agostinho já havia formulado uma teoria sobre a liberdade que permanece ainda hoje.
Mas, segundo santo Agostinho a liberdade do homem não depende da razão mas, da vontade, pois, o homem tem de desejar agir antes de fazer uma escolha racional.

Exercícios

1)    Do que trata a obra Agostiniana das Confissões?


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2)    Por que é que santo Agostinho não acreditava no Deus cristão antes de sua conversão?
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3)    Explique: o que é o Ceticismo?
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4)    Explique: o que é o Maniqueísmo?
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5)    Por que é que segundo santo Agostinho o mal não existe?
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[1] Veja mais a frente o significado deste termo
[2] Extraído do livro “História da Filosofia” de Will Durant

terça-feira, 19 de novembro de 2013

Caros alunos do 7° ano. Disponibilizo um vídeo sobre o argumento agostiniano acerca de Deus ser autor do mal. É dito na legenda do vídeo que o estudante que interroga seu professor é o famoso físico Albert Einstein porém, busquei na internet a veracidade de tal informação mas, tudo indica que não é verdadeira. Como nosso interesse é no argumento agostiniano, foquemos nele para melhor compreender o conteúdo dado em sala de aula.